Rewind

sábado, 16 de janeiro de 2016

Avó,

Porque a Avó faz anos na Segunda,
 
Avó,
 
Pudessem os teus olhos ser palavras e escreveria com eles o meu nome
devagar, como a luz tenra que desce no espelho da tarde sobre o mar
 
Pudessem os teus olhos ser uma carta e haveria para tudo uma resposta
devagar, como a esperança a acender no fundo do escuro o caminho
 
Pudessem os teus olhos ser dois pássaros e seríamos os dois brisa ao poente
devagar, como se de nós e das flores tivesse que sobrar apenas o perfume
 
Podiam os teus olhos ter sido um rio, Avó
mas os rios partem, continuam e não olham para trás.
 
e tu ficas

(e eu fico, Milinha.)

e tu olhas para trás.

e, graças a ti, eu sempre encontro uma forma de chegar a casa.
 
Obrigado.
 
RM| XVI-I-MMXVI
 
 

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