"The only way of catching a train I have ever discovered is to miss the train before." Chesterton (1874 -1936)
Rewind
sábado, 30 de abril de 2011
sexta-feira, 29 de abril de 2011
25.04.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
terça-feira, 26 de abril de 2011
terça-feira, 19 de abril de 2011
domingo, 17 de abril de 2011
noite.
O ar quente como um beijo junto ao contorno sereno do teu rosto. A noite vestida de uma nudez explícita e a cidade como um manto iluminado de encontro ao mar.
O teu corpo como o declive por onde desliza o desejo. Há uma imagem presa no reflexo do vidro dessa janela - vejo os teus braços presos nos meus e lembro a leveza intensa com que o teu corpo se abandona ao véu do silêncio com que o amor nos envolve. Vejo-te o sorriso iluminado como um brilho mais forte que venha coroar a chama das horas que se despiram em cinzas.
Há um rumor pequeno de vida no ventre das ruas - essa vida que se cumpre enquanto os dedos acendem e tocam as cordas da tua pele.
Escreves o meu nome na transpiração dos vidros e espreitas a praia vazia com o olhar preso na abóbada enorme de um céu amplo e enorme. O teu corpo quieto de encontro à brisa que sopra e o arrepio que te faz correr para dentro.
E vejo que o amor se assemelha muito a uma forma de sequestro - fica-se refém dessa dimensão que só nasce em nós depois de certos voos; deseja-se para nós a medida de um corpo que não é o nosso.
Fica-me nas mãos o cheiro do teu corpo que é maresia e desejo apagado na espuma da noite. Procuro o teu olhar adormecido e a forma quente do teu corpo imerso num sono profundo. Leio o que me ficou escrito depois de ti. E percebo como os teus beijos são uma janela aberta sobre o mundo; relembro como o teu corpo se assemelha em tudo a uma alameda de cheiros suaves e intensos. Apagou-se na janela o fim de tarde e em ti apaguei o desejo como um tiro à queima roupa - um lampejo de fogo e sede.
A janela continua aberta - no vidro já não se vê o teu rosto. Dormes perto de mim e levo comigo para o sono o teu rosto gravado bem fundo no vidro do olhar.
sexta-feira, 15 de abril de 2011
mãe,
Há um tempo que passa lá fora, mas não passa por nós. E tudo permanece como que banhado por uma luz que boia no corpo das coisas. Lembro os dias que se espreguiçam longos e que acabam dormindo no leito do mar. Os livros, as palavras e a areia da cor das pérolas que sempre me lembram de ti.
Moro nesse tempo que corre como uma visita demorada a um tempo feliz. Volto a ti nos pedaços de luz que fazes sempre nascer da sombra; volto a ti na serenidade que me mora na memória da pele.
Há todo um espaço de luz e silêncio que me mora - como um espaço onde a plenitude anula a necessidade do corpo imperfeito das palavras. Contemplo o rosto desenhado pela memória e pouco mais ouço do que uns sôcos intensos dentro do peito - um silêncio que se sente pela forma como tudo se ilumina como se a luz invadisse uma sala num galope rápido e voraz.
Moramos nessa cumplicidade em que me cunhaste o espírito e me moldaste a escarpa do caminho. E pouco se diz das pessoas que partilham a morada connosco, senão que são os dois lados do mesmo caminho, as duas faces de um mesmo desejo.
As palavras fogem de mim quando te nomeio e ecoam todas as provas que são o cimento disso que mais ninguém vê senão tu - para ti as manhãs serão sempre frescas tocadas por uma brisa ousada e terna e irei sempre visitar-te debaixo de um céu de onde se veja o mar.
A admiração como um corpo absoluto e infinito abafa os esboços que se podem alcançar com as palavras. É curioso que nada consiga dizer que o perto não chega - somos mais, somos isso mesmo de maior do que nós.
Obrigado, mãe. Por tudo o que mora nesse voo amplo que é o amor. E por seres tu o céu de todos eles.
sábado, 9 de abril de 2011
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