Rewind

sábado, 23 de novembro de 2013

Avó.

O azul dos teus olhos é um mar doce no abraço
E tua voz é frescura de cetim voando ao vento
Levo-te comigo em cada passo
E guardo de ti, com luz, cada momento
RM

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

tu|

Teu sorriso é janela rasgada
E teus olhos são do mar a luz maior
Teu ventre é deliciosa escada
E teu peito uma noite de fulgor

Nossas mãos são versos trocados
E teus gritos prosa inquieta
Teus desejos são segredos guardados
E teu coração porta aberta

Teus cabelos são ondas beijando-me o pescoço
E tuas carícias são ferro ardendo no negrume
Meu corpo traz a pressa como um moço
Que no sangue tem da fome todo o lume

RM

ventre|

Teu corpo é jardim de maresia e de infinito
E teu peito é de todos os abrigos o maior
Teu ventre é praia doce e sem rumor
Onde vive e dura sempre o interdito

RM

corpo|

Podendo, fica.
Querendo, beija.
E deixa que o chão que frutifica
Seja um corpo inteiro que deseja

RM

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Mãe,

De todas as palavras a primeira - para ti
E de todos os caminhos para ti - o norte
Por ti saberei sempre que vivi
Com um sorriso de luz inteiro sobre a morte

RM 

fome|

Nos teus olhos a noite não termina
E dançam em meus lábios os beijos que te não dei
Nos teus olhos é a luz quem te domina
E em mim a fome com que te amei

RM

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

rochedo|

Entrego-te com a pele os meus segredos
E durmo com a noite nos teus braços
Sou como a espuma beijando os rochedos
Querendo tocar de ti os teus pedaços 

RM

teu peito|

Teu peito é a varanda mais perfeita
Em que o ferro do orgulho se encolhe
Teu peito é uma estrofe que se enfeita
Com rosas frescas que a boca colhe

Teu peito é um anoitecer tardio
Em que o vidro traz dos corpos a lembrança
Teu peito é um galope fugidio
Em terras de luz e de bonança

Teu peito é um grito assustado
Em que os corpos se abraçam no escuro
Teu peito é um sonho ampliado
De céu, de chão e de futuro

RM

desejo|

Não sei que faria sem ela
E sem seu ventre de vento todo ardendo
Não sei quem viria à janela
Para ficar na minha boca sempre lendo
Que um céu de infinito se revela

RM

despedida|

De olhos cerrados
Lembro do teu corpo a forma inteira
E em teus braços espero ainda a noite prometida
De olhos cerrados
Lembro da tua boca a promessa derradeira
E em meu peito adio sempre a despedida

RM

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

ventre|

De todas as falésias - o teu ventre
E em todos os sulcos - os teus ossos
De todas as noites - a que entre
Para abraçar os corpos que são nossos

RM

vento|

Que dizes ao vento que parte
Dos sonhos que contigo ficam?

Que dizes ao vento que parte
Do corpo que não segue no caminho?

Que dizes ao vento que parte?

Não vou, não estou sozinho.

RM

amor|

Diz de todas as palavras a primeira
A que traz dos dias a luz e a amplidão
Diz de todas as palavras a inteira
A que desfaz com fome a solidão
Diz de todas as palavras a derradeira
E deixa em meu peito tua mão

RM 

sábado, 2 de novembro de 2013

deserto|

E se teus lábios não estão perto
Deixando nos meus a luz de tudo 
O horizonte é de cimento duro e mudo
E em tudo há uma sede de deserto

RM

adeus|

A despedida é o poema recusado
Em que as palavras morrem sem rimar
A despedida é um grito incendiado
Em que o lume é o fogo de te amar

RM

teu nome|

A rima do teu nome traz no sangue a saliva
De todos os sonhos que tua boca fez nascer
A rima do teu nome traz minha vontade tão cativa
De junto ao teu corpo toda a vida adormecer

RM 

horizonte|

É quando o vento paira no ar
No colo do céu fundo e sereno
Que da janela por onde vejo o mar
O horizonte sem ti é tão pequeno

RM

futuro|

E os beijos que te der não vão chegar
Para roer inteiro o meu desejo
Tenho saudades do que não vejo
Se isso é tempo inteiro para te amar

RM

rosas|

Deixas rosas em meu peito como num jardim
E cada pétala é verso de carne com teu nome
Há em meu peito um vazio todo fome
Se acaso não estás sorrindo junto a mim

RM

poesia|

Na areia do teu corpo escrever a noite
E deixar no firmamento as palavras do encontro
Na espuma dos teus beijos receber o dia
E retomar, inteira, a poesia

RM

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

de que noite, meu amor|

De que noite vens, meu amor
Que em teus olhos as avenidas são corredores de solidão
De que noite vens, meu amor
Que em teu corpo o sangue corre em contramão
De que noite vens, meu amor
Que tua pele é poente escuro de saudade
De que noite vens, meu amor
Para querer comigo no dia a liberdade

RM