Porque a Avó faz anos na Segunda,
Avó,
Pudessem os teus olhos ser palavras e escreveria com eles o meu nome
devagar, como a luz tenra que desce no espelho da tarde sobre o mar
Pudessem os teus olhos ser uma carta e haveria para tudo uma resposta
devagar, como a esperança a acender no fundo do escuro o caminho
Pudessem os teus olhos ser dois pássaros e seríamos os dois brisa ao poente
devagar, como se de nós e das flores tivesse que sobrar apenas o perfume
Podiam os teus olhos ter sido um rio, Avó
mas os rios partem, continuam e não olham para trás.
e tu ficas
(e eu fico, Milinha.)
e tu olhas para trás.
e, graças a ti, eu sempre encontro uma forma de chegar a casa.
Obrigado.
RM| XVI-I-MMXVI