Ficar com as palavras guardadas. E demorar nelas o pensamento, como o corpo numa sensação que queremos fazer durar. Não as dizer. Ficar longe - não ser daqui por uns minutos. Lembrar tempos idos. E parar aí, nessa dobra da memória. E não falar. Saber que estivemos juntos e ninguém saber o que levo de ti debaixo da pele. Estar de novo com quem nunca se perde.
Chamar a tua recordação e ela chegar para me dizer que sempre estiveste aí. Guardar as palavras; guardar-nos a nós e apenas contemplar. Ficar a ver e a ouvir a voz e o corpo das coisas que o mundo não pode levar.
Falar cada vez menos. Entregar aquilo que és a quem sempre o soube e mereceu.
Chamei o teu nome, hoje mais uma vez.
E tu chegaste. Na voz quente e lenta das horas.
Com o dia a morrer lá em baixo. Mas nós não.
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