e dele cairão sobre as tábuas do quarto bocados do mar que trazes dentro
pelos verbos moverei o teu corpo dentro dos meus braços tantas vezes
que outras serão as palavras depois de acesas as bocas no infinito da noite
como ondas que viessem de um mar que ainda espera um rio que o beije
pelas palavras chamarei os teus braços a fazer batota com o tempo
e deles se escreverão regressos com dedos que se enlaçam nos caminhos
pelos nomes inventarei novas estradas na oblíqua saudade do teu corpo
e tantas serão as janelas abertas na paisagem da memória que te guardo
que haverá sempre na areia sobre a cama o cheiro de um verão esquecido de partir
pelas palavras morderei mil vezes com os olhos o pomar que o teu cheiro bordou junto de mim
e desses ramos cairão maduros todos os advérbios em que se amadurece o tempo da espera
pelas vírgulas se recuperará o fôlego de um beijo mais voraz dentro da noite
e se surpreenderá no azul do céu uma brisa inquieta de promessas
como se a vastidão generosa do céu do sul viesse para ficar
pelas palavras conjugarei por ti o tempo sem medida de mil vidas
e nessa praia soltarei livres os cavalos e o poente dourando-te os cabelos
pelos pontos finais calarei o ruído inútil contra as rochas que se erguem
e nelas de nós como epitáfio se dirá apenas que há o futuro
do adeus que nunca aprendemos a dizer
RM
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