fecha os olhos.
vá lá,
deixa que te mostre, de novo, o nome de tudo.
aprende comigo que se diz noite com um sorriso.
depois, muito devagar, aprende o teu nome como eu o escrevo:
os teus lábios são as linhas onde a caligrafia se desmorona
as tuas mãos os cadernos onde os sonhos se confessam
e o teu corpo é a boca por onde o desejo, finalmente, se escapa.
fecha os olhos.
vá lá,
lembra-te, se puderes, que antes do encontro das nossas bocas havíamos esquecido todas as palavras
sei, apenas, que meti as mãos dentro do teu vestido e queimei a língua ao sublinhar-te muitas vezes.
lembras-te?
vem ver como em tudo sempre houve uma espera
sim, amor, tive até que arranjar mais sangue só para caberes cá dentro e te poder guardar inteira.
fecha os olhos.
vá lá,
prova-te nos cantos da minha boca, encontra-te nas sombras da minha pele
e diz que ficas.
vem ver, amor, como é o teu nome que eu escrevi.
aprende-me as letras e verás.
é o teu nome
à espera, toda a noite, que tu digas o meu.
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