as tuas mãos nas minhas, Mãe
[sempre sem pressa]
nos cinzeiros de todos os encontros
o cigarro que arde tão depressa
quanto a paz que chega deslizando devagar
e os teus olhos a atravessar a rua rumo aos meus, Mãe
[sempre com pressa]
nos semáforos de todas as distâncias
o vermelho fechado que se ignora tão depressa
quanto o peito que me arde e que te chama
e o teu riso de vidraça aberto em infinito, Mãe
[sempre sem pressa]
nos poentes de todas as estradas
a curva que se engole tão depressa
quanto aos dois nos chamam as coisas tão sem nome
e de ti, Mãe, tudo quanto me diz que a poesia das flores de uma alameda inteira nunca chega
no silêncio de todos os poemas que te faço -
há sempre tempo para um cigarro
um vermelho que se ignora num semáforo
uma vidraça que se abre devagar
e um obrigado por sempre te atrasares
para que fosse eu quem chegasse sempre a tempo.
Obrigado.
Parabéns, Mamã.
RM| X-XI-MMXVI
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