e possamos, os dois, dançar na luz do que te digo,
tu, como uma praia que me espera
e eu, como a maré que se enche para te chegar
talvez, Mãe, eu chegue mesmo antes de ser noite
e possamos, os dois, retomar o fôlego silencioso do amor
tu, fumando nos lábios o infinito quente do poente
e eu, dormindo inteiro na soleira do teu colo meigo
talvez, Mãe, ninguém nos ouça
e possamos, afinal, inventar os dois uma língua do princípio
tu, com as sílabas imensas do perdão
e eu, com a métrica irrequieta da saudade
talvez, Mãe, o tempo se atrase um pouco
e o fim não comece nunca
talvez, Mãe, a maré durma na praia nessa noite
de manhã, a luz demora-se.
na praia,
o mar conta um segredo devagar.
RM| XVI-X-MMXVI
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