Rewind

domingo, 25 de setembro de 2016

Mãe,

MÃE, 

nunca estarei longe demais para voltar a casa. 

tu sabes, Mãe, que saio sempre a correr 

a carteira,
o relógio, 
um sms todos os dias que te diz,

amo-te muito

e é verdade que esse amor é sempre o melhor assento do autocarro, 
que a lembrança do teu abraço é o melhor casaco que tenho. 

sabes, Mãe,  

o telefone não to diz mas eu lembro-me, sabes?

juro que me lembro de todos os passeios na praia
de todas as vezes em que me perdoaste
e tudo continuou exactamente como antes:

o mesmo sorriso-de-areia-morna, 
a mesma voz de brisa-que-dança,
o mesmo coração-cheio-como-uma-gaveta-de-sonhos. 

parece, Mãe, que a verdade que sei 
é, tantas vezes, um segredo que não conto
mas, se puderes, lê isto: 

amo-te muito, 

e juro que me lembro de tudo. 

vem ter comigo perto do mar
no coração para toda a vida um sms que te diga,

amo-te muito

mesmo que, junto do mar, já haja frio 

eu serei, para toda a vida, 

o casaco de que precisas. 

RM| XXV-IX-MMXVI





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