os vossos nomes e uma luz que se acende -
nas paredes dos corredores, marcas de dedos e eu a correr
gritando, inteiro,
Vovó, Vovô,
e a ser feliz no meio do ruído amplo de um amor despreocupado
a ser todo dessa vontade de um futuro que vos guardasse sempre como num abraço
e a ser mais vosso a cada promessa cumprida na forma de um sorriso
os vossos nomes,
Milinha e Bininho,
e as paredes do meu coração todas escritas de saudade -
a letra firme da luz do vosso milagre na minha vida
e o orgulho de me poder abrigar debaixo da verdade que sempre nos uniu
os vossos nomes,
e uma casa de onde nunca sairemos -
uma mesa alegre que nunca se levante
e onde sempre se celebre apenas os que escolhem ficar
os vossos nomes,
e quanto de mim são vocês -
a vontade de sorrir,
o sabor da certeza no sangue,
a possibilidade eterna de um regresso
ou, então, o conforto do silêncio,
as roupas gastas em que se cheira a vida que tivemos
e em que sempre sentimos um ventre quente de uma casa
os vossos nomes,
e a pele que me lateja do lado de dentro,
o medo de não saber escrever nunca na língua da vossa ausência
de não saber respirar o ar de alguma distância que nos separe
os vossos nomes,
meu Avô, minha Avó,
falados no presente, sempre.
e ter sido isso que vocês foram para mim - um presente.
Para o Ricardo,
os vossos nomes,
e eu um embrulho-pessoa que quem visse por dentro saberia dizer,
Obrigado,
e onde existe um corredor infinito de gratidão a que escolho voltar
só para poder correr e chamar-vos,
Vovó, Vovô,
e saber que, afinal, estou em casa
e que isso chega.
RM|XV-IV-MMXVII
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