Rewind

sexta-feira, 18 de abril de 2014

volto,

volto, sorrindo, à rua da tua pele
e todas as janelas me parecem abertas na manhã
há flores no ferro morno das varandas
e os pássaros voam livres nos braços de um céu deserto

volto, sorrindo, às esquinas do teu olhar
e todos os recantos me parecem, de súbito, clandestinos
há um rumor de corpos dançando dentro da sombra
e ouve-se dos lábios um fogo que estala sem igual

volto, sorrindo, ao labirinto bordado do teu ventre
e todas as praias me parecem trazer na areia o teu nome
há esperança nas rochas erguidas no fio do horizonte
e o vento traz de ti saudade correndo enorme na luz

volto, sorrindo, ao tempo inteiro em que fui teu
e em que todas as palavras eram as linhas onde dormia o teu nome
há beijos esperando tua boca no abismo
para que da noite se erga um abrigo devagar



RM

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