Para a Bárbara,
e às pessoas que nos deixam olhos no coração.
Pai,
Pensei que ia ter a vida toda para ser tua
Pensei que íamos ficar esquecidos de partir
Sentados os dois à mesa de uma noite felizSem longe e sem medo
Pai,
Pensei que podia chamar-te mais mil vezes sem te gastar o nome
Pensei que na verdade não havia pressa
E que íamos morar os dois para sempre
Na pátria do sonho de onde viemos
Pai,
Pensei que a guitarra do nosso Fado nunca seria triste
Pensei que o nosso tempo seria somente o tempo todo
Quis, sabes, chegar sempre a casa apenas para te encontrar
E para acreditar contigo na doçura de todos os enganos
Mas, Pai,
Quero que saibas que estou a aprender com que letras se continua o Amor
Quero que saibas que o que somos, sei dizê-lo.
O poema que me foste, sei cantá-lo.
Dá-me tempo, Papá.
Dá-me tempo.
E eu vou aprender que o futuro será sempre o lugar onde terei, inteira, a verdade do que fomos.
[Dá um abraço ao Avô Adolfo por mim.]
RM
1 comentário:
Ainda não te agradeci,Ricardo!
Os meus olhos enchem-se de ondas grandes de um mar enorme...e as palavras, não as encontro.
Obrigada.
Um beijo
Bárbara
Enviar um comentário