PELOS TEUS QUASE 93 ANOS,
Que as minhas palavras te levem para junto do mar
e que aí, juntos, possamos ficar para sempre esquecidos de partir
tu, a minha praia de luares acesos e segredos doces
e eu, eternamente, a maré que feliz retorna a casa
Que eu te chame mil vezes e tu me respondas sempre, Vovó
e que, dentro das paredes transparentes de um abraço, nos prometam, uma vez mais, o amanhã
tu, esse meu milagre que me acende, de noite, as curvas do caminho
eu, essa estrada que, por ti, terá que ser sempre a de um regresso
Que eu te nomeie mil vezes como quem aprende, de novo, a falar
e, sem saber, aprenda a gastar a luz do amor imenso que me deixas no coração
tu, essa janela enorme de onde se vê a infinita planície da tua bondade
eu, uma criança que, pendurada no parapeito, só sabe que quer ficar
Que eu te veja florir mil vezes num terraço atravessado pela luz da tarde
e, sem que tu saibas, te olhe com os olhos cheios de lágrimas que são vontade de futuro
tu, essa chuva de flores com que quero inundar os dois lados da estrada onde sigo
eu, suplicando, em silêncio, mais chão, mais tempo, mais vida
Que, sobretudo, eu te agradeça sempre, Milinha,
e, a alguém, o mistério eterno da luz do nosso encontro.
do resto, falamos logo quando, depois de subir as escadas a correr, te der mais um abraço dos meus.
espera por mim e deixa sempre a chave no mesmo sítio.
Avó, a minha casa é o lugar onde estivermos os dois
e isso chega-me.
Amo-te. Obrigado.
RM|XVI-I-MMXVII
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