Colo no vidro a face. E fixo o mundo do outro lado. A terra onde cai a chuva, onde deambulam pessoas com nomes e códigos genéticos; a terra onde correm carros, onde escorre a água, onde os pés batem em surdina. E vejo formas e cores, vejo luzes, ouços sons. Tudo são ecos e luzes fortes. E vejo mais lá ao longe. Pirilampos lançados ao céu. Olho para baixo. Há um rosto que fita o meu, por acaso. E segue na rua. Faz frio, de repente. E aqueles olhos que se fixaram em mim, por instantes, perdem.se no escuro.
Gosto de ver as coisas de cima. Parecem pequenas vistas assim. E é mais fácil acreditar que as sabemos. Que cabem todas nos nossos olhos, sem termos de levantar muito a cabeça. Estou sentado mesmo ao pé do vidro.
Mais um daqueles momentos em que sinto qualquer coisa percorrer-me a mente, embora seja ainda insondável. Apenas a sinto. Fecho os olhos.
Começa a chover. A rua deserta converte.se num tecido de linhas de água. E as luzes ganham mais magia. Velas no meio do bréu. Noto que o lume se apagou. Volto a acendê-lo não sem antes sentir o calor das brasas quentes na cara. Anoitece. A cidade pára.
Pareço viver entre dois mundos. Este, em que me é tão familiar o cheiro, em que as paredes me sabem e, esse outro, o das luzes, o das ruas e dos jardins. Das caras e dos olhares. Aqui dentro, deste lugar ondo vos olho, pareço conseguir ouvir o silêncio e falar toda uma outra linguagem. Aí fora, onde as coisas mudam, fluem, as folhas caem, as buzinas estoiram no ar, os semáforos mudam e os corpos se tocam sem se olharem, parece ser impossível este olhar demorado. Impossíveis as palavras. Estas palavras. Parece impossível gritar ou falar acima do Mundo. Contudo, os meus olhos apenas vislumbram até àquela esquina. Que há depois? Onde me leva a cidade, o turbilhão das gentes?
Colo os olhos o mais possível ao vidro. Não consigo ver o que há depois. Visto o casaco. Saio. A chuva não tarda parará. Vejo a água a escorrer no chão. Passa-me por cima dos sapatos. Mas os pés, intactos. Viro a esquina. A rua ali desce. Vejo as luzes no interior das casas e imagino os talheres a tilintarem nas mesas. Sigo a rua como se ela me puxasse para baixo. Inspiro fundo. O ar da rua. Vejo nas árvores as marcas do vento. E, ao longe, o rio.
Não falo. Vejo aquela massa, aquela profusão de cheiro a gente, o cheiro a passos, a vida. E sigo, rua abaixo. Eis que o Mundo me fala. E eu ouço. E vejo as caras na multidão. Uma criança que passa. E a gargalhada que ecoa. E isso é como uma almofada. Em que me apoio e sonho. Agora, de verdade. Caminho pela cidade. Dou ao mundo a minha presença. Que alguém no cimo de um destes prédios vê.
Gosto de ver as coisas de cima. Parecem pequenas vistas assim. E é mais fácil acreditar que as sabemos. Que cabem todas nos nossos olhos, sem termos de levantar muito a cabeça. Estou sentado mesmo ao pé do vidro.
Mais um daqueles momentos em que sinto qualquer coisa percorrer-me a mente, embora seja ainda insondável. Apenas a sinto. Fecho os olhos.
Começa a chover. A rua deserta converte.se num tecido de linhas de água. E as luzes ganham mais magia. Velas no meio do bréu. Noto que o lume se apagou. Volto a acendê-lo não sem antes sentir o calor das brasas quentes na cara. Anoitece. A cidade pára.
Pareço viver entre dois mundos. Este, em que me é tão familiar o cheiro, em que as paredes me sabem e, esse outro, o das luzes, o das ruas e dos jardins. Das caras e dos olhares. Aqui dentro, deste lugar ondo vos olho, pareço conseguir ouvir o silêncio e falar toda uma outra linguagem. Aí fora, onde as coisas mudam, fluem, as folhas caem, as buzinas estoiram no ar, os semáforos mudam e os corpos se tocam sem se olharem, parece ser impossível este olhar demorado. Impossíveis as palavras. Estas palavras. Parece impossível gritar ou falar acima do Mundo. Contudo, os meus olhos apenas vislumbram até àquela esquina. Que há depois? Onde me leva a cidade, o turbilhão das gentes?
Colo os olhos o mais possível ao vidro. Não consigo ver o que há depois. Visto o casaco. Saio. A chuva não tarda parará. Vejo a água a escorrer no chão. Passa-me por cima dos sapatos. Mas os pés, intactos. Viro a esquina. A rua ali desce. Vejo as luzes no interior das casas e imagino os talheres a tilintarem nas mesas. Sigo a rua como se ela me puxasse para baixo. Inspiro fundo. O ar da rua. Vejo nas árvores as marcas do vento. E, ao longe, o rio.
Não falo. Vejo aquela massa, aquela profusão de cheiro a gente, o cheiro a passos, a vida. E sigo, rua abaixo. Eis que o Mundo me fala. E eu ouço. E vejo as caras na multidão. Uma criança que passa. E a gargalhada que ecoa. E isso é como uma almofada. Em que me apoio e sonho. Agora, de verdade. Caminho pela cidade. Dou ao mundo a minha presença. Que alguém no cimo de um destes prédios vê.
1 comentário:
Bem-vindo meu querido amigo!!
Mais um lugar que me reclama visitas assiduas...não faltarei aqui.Gosto de ver este entusiasmo todo.Como te disse,criar um blog é como que ter um filho,há aquele entusiasmo todo de escrever coisas pertinentes e bonitas,tal como as mães recentes que querem vestir os seus rebentos com todos os fatinhos do enxoval deste recém-chegado!
Andarei por aqui...apanharei muitas vezes o vagão R,para termos aquelas nossas eternas conversas,será este o nosso novo muro.
Um beijo
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