Rewind

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Onde há crise, há esperança de Pe Vasco Pinto de Magalhães

Há poucos livros assim. Não lhe chamaria exactamente um grande livro - este não tem a pretensão de encerrar verdades absolutas sobre o que somos e o sentido que isto tem.
Há muito que tinha este livro na estante. E decidi começar a abri-lo todos os dias - como se se tratasse de um momento encaixado dentro do quotidiano em que se deixam as coisas demorar dentro de nós.

Um pensamento por dia. E eis que surge um discurso transparente, de uma simplicidade invulgar. Não há agorrância no discurso; há talvez essa tentativa sincera de comunicar. De deixar correr o pensamento. Por isso se distinguem os padres jesuítas. Porque o dogma não existe. Existe uma crença filtrada depois do crivo do pensamento.

A minha relação com Deus é pessoal. Mas fala-se aqui do Homem. Houve coisas com as quais não concordei. Coisas que me fizeram pensar. Coisas que abracei de imediato. E eis que surge a grandeza deste livro: o ensinar-nos que só da humildade nasce qualquer coisa de verdadeiro. Porque a verdade em si talvez nunca importe. Importa que gozemos o caminho. E o caminho começa com a nossa vontade mas acaba, muitas vezes, no contrário do que ela diz.
3. Fev.
"Quantos obrigados disse hoje? Dois ou três? Acha que não houve ocasião para mais?Só agradeço as coisas que me fazem e me ajudam ou me agradam? Não seria bom agradecer a própria existência e a dos outros? Agradecer até os sofrimentos e as contrariedades que, bem vistas as coisas, são ocasiões de crescimento e de solidariedade com os outros? Quando mantemos os olhos abertos, estamos sempre a agradecer. É agradecer e ser-se agradecido que faz a qualidade de vida."

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