Ao mar que repete um abraço ao longe na luz
E à noite que seduz demorada o horizonte
Chamo vida aos teus lábios ensinando aos meus a fome
Aos filmes que vemos juntos na preguiça de um amor tolo
E ao sabor do teu corpo preso na minha pele
Chamo vida à escuridão em que te dou a mão com força
À loucura de te decorar inteira com os dedos
E ao amarrar do meu destino na maré dos teus olhos
Chamo vida ao ar que me falta para te acabar o nome
Aos infinitos pecados que quero consumar no altar do teu ventre
E ao dormirmos nus no luar de uma janela qualquer
Chamo vida aos poentes em que morrer já não importa
Ao crer na eternidade por cima de todos os abismos
E ao gemer rouco da tua voz quando te sinto
Chamo vida à terra sem tempo em que te deito
Ao sorriso que a tua boca esquecida deixa para mim
E ao silêncio que é o quase esperando-te para ser tudo
Chamo vida ao querer morrer quando não chegas
Ao ter que adiar a rima que o meu corpo faria junto ao teu
E aos dias que nessa hora nascem ao contrário
Chamo vida ao tempo que o teu nome me demora nos ossos
Ao vento que o repete por entre os lençóis onde te tive
E espero.
Espero. Se és tu que vens a morte já não existe.
E a vida durará tantas marés
quantas as necessárias para gastar o teu nome
na areia da minha pele.
RM
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