trazias o vestido leve como as sombras que o vento arrasta
e a primavera podia durar ainda
a tua boca trazia o brilho de um fruto doce por trincar
e era ainda primavera nas flores do teu ventre arrepiado
o ar trazia o eco de uma promessa generosa
e eu quis cumpri-la inteira na estrada do teu corpo
o vestido rasgado pelas minhas mãos
a primavera a galopar furiosa no teu peito
a tua pele ardendo como se o sol se deitasse contigo
a tua boca matando na minha toda a ausência
e ser reencontro a facilidade dos beijos que vêm depois
a primavera durava
o vestido como um espelho vazio esperando teus olhos
o teu corpo a vestir o meu muito depressa
a primavera durava
e no céu descia a noite em silêncio
depois do lume que nos matou
chega brisa da noite para nos erguer
como se fosse primavera
e sempre fosse o tempo das flores que chegam com teus olhos
RM
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