e são sempre os mesmos os corpos das árvores longos como rios
foi neles que atei sempre os laços da saudade como cavalos na sombra
para que apenas o encontro doce dos teus braços os pudesse libertar
é sempre tempo de voltar correndo de dentro do pó dourado dos caminhos
e deixar pousar no céu do meu peito as aves que são os teus olhos vivos num abraço
é sempre tempo de pendurar na pedra dos muros a luz das tardes que passaram
e acreditar, só porque sim, que os passos do mar ao fundo são os de um encontro
é sempre tempo de beber da chuva da tua voz no deserto do mundo
e recolher à muralha florida do teu nome onde o amanhecer é lento e luminoso
é sempre tempo de deixar esquecido no cais a esquina da rua em que parti
como se somente no vento e pelas ondas se quebrem nus todos os segredos
é sempre tempo de te esqueceres da tua mão nos meus cabelos
e deixar que o lume se levante e dance na lareira acesa e só
é sempre tempo de dizer "Mãe" no chão aberto de todos os meus sonhos
e ver que deles brota abundante uma nascente infinita de esperança
RM
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