as minhas mãos cercam a luz dos teus lábios num suspiro
desato a sorrir como se se abrisse uma porta imensa
de que o reflexo doce do teu corpo é a chave
encontro os teus olhos na primeira esquina da saudade
o teu cheiro dança em todas as coisas que não vejo
como se numa praia enorme e em silêncio
se soltasse da sombra das horas a esperança
não trago ainda em meus lábios o tempo da renúncia
em meu sangue a primavera dorme ainda junto ao mar
e todas as cartas que o teu nome deixa abertas
são instantes que nas ondas se desfazem para voltar
dizia-te que não sei dançar e no entanto
meu corpo acompanha o teu como uma estrada
de cada um dos lados se erguendo contra o longe
dois braços que as curvas do acaso souberam enlaçar
RM
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