Lembro-me de quando pus os meus olhos em ti daquela última vez. Lembro aquele que agora sei ter sido o último dos beijos e dos êxtases. Não podia imaginar que as linhas do teu corpo estariam tão longe das minhas mãos. Que o teu cheiro chegasse apenas com o vento da memória. Não te vi os olhos quando saí. Que diziam eles? Onde os puseste enquanto o meu corpo desaparecia em direcção às ruas?
Ainda me lembro dos meus primeiros passos dentro da tua vida. Do querer descobrir um espaço só para mim. O meu egoísmo era a minha forma de altruísmo para contigo. Queria ficar, sabes? Queria que a minha vontade fosse maior do que eu e do que nós.
Hoje sei que dormi com o corpo repousado na certeza de que a promessa dos teus beijos não acabaria. Não sei se acabou.
Sei apenas que o tempo corre e já não vejo os teus olhos. E que no fundo dos meus passam vozes sem carne de um tempo que já não vem.
Não sei se o meu corpo te disse para onde iria. Se o pudesses ter ouvido saberias que nunca seria para longe de ti.
Mas tudo o que fala agora é o silêncio. Talvez para que não perca a primeira das tuas palavras no regresso do teu corpo à minha imagem de ti.
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