Um dia destes fui convidado para um almoço. Uma boa surpresa sobretudo vinda de quem veio. Como uma coisa que sempre se espera e, com algumas pessoas, sempre se concretiza.
Estava um dia cinzento com o céu no seu bipolarismo de prantos.
Chegamos os dois a um sítio escolhido por mim. E desatamos a falar, como sempre acontece com quem apenas encontra pelo meio a intimidade. Falamos de quatro anos. Destes nossos quatro anos que connosco começaram desde o primeiro dia. Estavamos orgulhosos de termos durado neles. De termos posto dentro deles coisas um do outro que hoje trazemos os dois.
Vimo-nos de novo naquele ínicio estranhamente próximo e distante. Falamos de mudança, de termos crescido. Mas não sabíamos em quê exactamente.
Quem está perto e connosco todos os dias aprende-nos o nome sempre. Está pronto a reconhecer-nos por detrás das pequenas mudanças do tempo que passa.
Eu senti orgulho. E vi-lhe "saudade", como ela disse. "Saudade de tudo o que vivemos e do que não vamos fazer."
Fez-me prometer que seríamos sempre amigos. Que gostava mesmo que o fôssemos.
Eu percebi que essa promessa já a havia feito há muito tempo. E sabe-me bem a presença dos que ficam. Que nos dão a sensação de que há coisas que podemos chamar mesmo "nossas".
Ouvi-lhe segredos e esse lado que ela tinha guardado também em mim.
Não foi um almoço em que esperasse perceber, mais uma vez, que há pessoas que serão a face mais visível da minha vida.
Vim embora feliz. Adivinhei-lhe lágrimas escondidas na voz que tentei segurar com a certeza de que estaria lá. E estarei. Na distância que quem sempre se reconhece percorre e que, no fim de contas, não existe.
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