Rewind

domingo, 11 de maio de 2014

Mãe,

o teu corpo era como um pássaro na brisa
ao longe, muito quieta, pensei que os teus olhos estivessem a aprender o infinito
o céu era um vidro que o vento soprava a fazer um desenho suave e doce
e eu via-te inteira com um sorriso que dizia paz

depois o mar levantou-se e as ondas dançaram num passo livre e espontâneo
na areia a luz deitava-se nas últimas horas de um dia longo e amplo como um sonho
ao longe, muito quieta, soube que foi no teu coração que o horizonte deixou o infinito
e pus-me a rir

era quase noite, Mãe
a cal das casas apagava-se devagar
e o silêncio falava mais alto sobre todas as coisas

ao longe, no lume de um dia que cessava
o infinito era o que os teus olhos traziam no regresso

e eu soube que o teu nome era então a morada de todas as coisas maiores e mais perfeitas

RM

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