a chamarem-me assim devagar por entre o silêncio cúmplice da noite
os meus olhos fechados, as tuas mãos perdidas algures em mim
e a noite era uma imagem - o movimento da tua boca podia ver-se no escuro
ardiam as sílabas no fogo que dentro de ti se erguia como um grito
a tua boca a rasgar o silêncio como uma roupa que se despe num soluço
o meu nome a bater na pele do corpo que era o meu, a chamar por ele
e ele a ir devagar, a ser teu para ser maior, para ser inteiro
a tua boca a escrever o meu nome com a tua língua, na tua língua
que aprendi a ler, mesmo no escuro
o meu nome a percorrer todos os recantos do teu ser
a afogar a dúvida, a destruir da sombra o longo abismo de ruínas
o meu nome escrito no ar que me desperta na pele o infinito
o meu nome e a tua boca e todas as palavras que o teu corpo me ensinou
RM
Sem comentários:
Enviar um comentário