é tempo de vires para dentro do nome das coisas
e já não ser absurdo chamá-las
já não doer o granito escuro das paredes da tua ausência
são horas de voltares, Avô
não tarda é tempo de luz na romaria
as janelas da casa vão estar abertas
entra
que o olhar ainda se demora na promessa das portas que se abrem
são horas de voltares, Avô
a tua voz a chegar morna do jardim que te viu crescer
na estrada o rumor de gente que vem feliz
e os teus olhos presos no horizonte de todos os encontros
são horas de voltares, Avô
os retratos não chegam nem os postais nem sequer a saudade chega mais, Avô
volta que é tempo de romaria
as janelas estão abertas como promessas ardendo na luz
entra e diz que vais demorar
entra e diz que vai ficar tudo bem
entra e fecha a porta que o tempo não mais fechou
e deixa que meu coração descanse na ilusão da eternidade de todos os regressos.
RM
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