sabe-me a boca ao mar que tu trazes nos teus olhos
os teus braços são os vidros abertos da janela sobre a noite
e os meus dedos ardem na vaidade de agarrar os teus
no gerúndio do teu ventre
prende-se-me a língua na ondulação do desejo
no jardim do teu peito abre-se uma urgência de infinito
e queimo no teu nome a escada da noite que se insinua
no gerúndio do teu sorriso
dança o vinho dos acordes da música que ouvias
no bolso das minhas calças ainda respira o vento que te trouxe
e há na minha cama restos de madrugada a começar
no gerúndio das tuas pernas
pousam-te os sonhos procurando os meus
na bainha da tua pele passa o gume dos meus olhos
e dentro da tua carne é noite e não dormimos
no gerúndio do teu rosto
são poemas as veias que puxam o teu corpo contra o meu
soltam-se da nossa nudez pétalas de luz
e o longe, de súbito, desaprende de correr
RM
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