Nunca to disse, talvez. Gosto do teu amor revelado pelo que não me dizes. Ou pelo que me dizes tu, mas sem ti. Gosto do que me escorrega na pele enquanto dormes. De ter o máximo silêncio da tua vida e aí ouvir o teu amor por mim. Gosto do que te foge dos dedos onde seguras o tempo que é todo meu. Gosto do que me fica de ti, quando já não estás. A memória dos teus dedos marcada na minha pele. A sombra do teu corpo nos lençóis brancos onde ficou a tua memória no cheiro. Fico sozinho com o que me aconteceu de ti. E demoro o ar no véu revelado da minha saudade de ti.
Colo o corpo nas marcas frescas do teu calor. Absorve o meu peito o código secreto que a tua pele ali deixou. Lembro os beijos que me deste e que desejaste para dentro do meu sono. Fingi que dormia. Tocaste a minha testa e aí demoraste os teus lábios. Ainda sinto o beijo da vida que veio no ar quente do teu silêncio.
Vi-te sair. Dispensei o teu corpo para me agarrar ao que ainda é teu. Tomei banho no teu calor. Desenhei sonhos com a chama adormecida ao meu lado. Era ainda lume o que ficava depois do teu corpo. O lume brando do desejo que eram as tuas mãos ainda em mim, depois de ti.
1 comentário:
http://www.youtube.com/watch?v=roSnV_5iR8o
Essa tua última frase fez-me lembrar: 'E as tuas mãos foram minhas com calma'.
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