Podem não me ter ensinado a viver as palavras que sonhei poder dizer e entregar como parte da minha alma; podem não me ter dado dias serenos e uma felicidade contente os sonhos que fiz do tamanho do céu, para lá caber uma vida maior do que a nossa; podem não me ter dado caminhos seguros as noites onde te quis sempre encontrar para te dar a mão; podem não me ter deixado de doer as ausências a que nunca aprendi o nome; podem continuar a doer os rostos que gravei na pedra da minha saudade; podem nunca ter sido inteiros os dias depois de neles ter posto a medida combinada dos teus sonhos nos meus e não mais terem as noites o mesmo brilho, depois de ter sido meu um olhar na noite mais funda que é, às vezes, a da Vida. Podem não mais ter parado as lágrimas depois de ter prometido que ficariam todos os que acabaram partindo e não mais terem acabado as noites solitárias depois de terem ensinado ao meu coração o ritmo de algumas vozes. Podem não ter-se realizado metade dos meus sonhos por tê-los feito para um Mundo que não há; podem os dias ter ficado menos meus porque os sonhei com outras vidas na minha.
Mas foi mais vida e foi mais meu o que me aconteceu do que seria alguma vez viver apenas do que poderia ter sido mas que não seria meu. Como acaba sempre sendo de uma estrela o brilho apagado contra o bréu.
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