Rewind

domingo, 7 de dezembro de 2008

Ausência

Agora apenas ouço o silêncio. E nele o som da ausência. De tudo o que sempre fica por dizer a cada dia que se despede no horizonte. Apenas ficam os passos que não demos em conjunto no caminho que era nosso.
Fica a lembrança que sempre volta do que fomos e que queria mais que tudo trazer de volta agora para encher as horas que apenas passam por mim. Fica a saudade do que vivemos e do que não foi nosso.
Ficam as palavras que queria que fossem tuas. Ficam as noites cansadas em que me sinto sozinho com tudo o que esteve sempre cá dentro e calei sempre. Fica tudo menos tu que é o mesmo que faltar tudo e não ter nada.
Sou o mesmo. Fui sempre. Debaixo de tudo o que se foi acumulando e que começou a pesar simplesmente demais. E é, neste momento, a face mais visível do que passa por aqui.
Também é preciso saberes que a minha mão é ainda minha no escuro. E foi a mesma que sempre te quis segurar.
As pessoas já se perdem umas das outras de maneiras tão absolutas, tão definitivas, que perder assim não é justo.
Agora talvez não esteja bem e as minhas forças tenham que ter ido para outras lutas, para outras batalhas.
Não podemos optar sempre. As coisas acontecem-nos apesar de as merecermos ou não.
Talvez os dias passem, as horas comecem a saber menos a solidão.
Não escolhemos como as coisas nos acontecem.
Um dia o cansaço há-de desaparecer. Mas eu sei que mesmo no meio de tudo isso, não houve menos força nos abraços e na vontade de que estivesses bem.
Acredito que nos reconhecemos sempre, apesar da sombra. Acredito que nos sabemos encontrar sempre porque foi aí que tanto foi nosso e nos aconteceu.
Terei a minha mão sempre estendida. Desta vez, talvez para ser agarrada. E para agarrar também.
Serei sempre eu. Aquele de sempre. E de tudo o que ficou aqui guardado, fica tu também. Que fique isso e tu para o manteres vivo comigo.
Eu estarei sempre contigo. No próximo abraço, lembra-te eu quero ficar. Sempre.

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