Os dedos longos e calmos
E o olhar preso numa rua que não existe
Fuma mais um cigarro e fica
O corpo quieto na luz da tarde
E a gente que passa sendo isso mesmo
Gente que passa e sonhos que não cabem
No infinito de todas as vidas somadas
Fuma mais um cigarro e fica
Pensando na pele tremendo de véspera
No desejo rasgando o corpo
E sorri para a montra
Como se meus olhos fossem todas as janelas
E meus braços o ferro das varandas onde se seguram flores
Fuma mais um cigarro e fica
Lembra-me pelo que te fica dentro
Nesse arrepio muito depois dos corpos
Em horas que os beijos são mais memória
E posso permanecer sempre teu
E enquanto fumas um cigarro
O vidro da montra já não existe
E a rua é um leito onde deitados
Voamos com a neblina para o céu
RM
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