E ela continuará a ser a sombra dos nossos corpos depois deles
Morreremos sem gastar a palavra amor
E continuará a luz procurando o fundo dos teus olhos para ficar
Morreremos sem gastar a palavra amor
Mesmo que nossos corpos se gastem na erosão do desejo
E os beijos sejam ladrões selvagens e carniceiros
Morreremos sem gastar a palavra amor
E continuará nossa cama no silêncio dos dias sem nós
E haverá sempre mais uma manhã em que poderia entrar contigo
Esquecido das ruas e da gente que passa como num filme mudo
Morreremos sem gastar a palavra amor
Mesmo que devoremos a carne e matemos todas as dores
E atemos as almas com a espessura de todos os ossos
Morreremos sem gastar a palavra amor
E todas as Primaveras perderão as flores do teu sorriso
E o Inverno será de cimento escuro
Sem a chama do teu corpo correndo para me ver
Numa esquina qualquer
Morreremos sem gastar a palavra amor
Mas minha boca se eterna fosse
Voltaria para gastar teu nome e chamar-te
E infinitas vezes nomear-te
Até que o amor fosse palavra gasta
E não pudesse viver depois de nós
RM
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