Deixa as palavras no bolso enquanto choras.
Se escreves enquanto te dói o corpo como fogo
As palavras ardem e no chão a cinza é morte.
Nos dias tristes não escrevas.
Deixa a dor no estendal da varanda.
O vento chega e dá-lhe uma coça
E o teu corpo serena adormecido.
Nos dias tristes não escrevas.
Deixa a sombra na terra do caminho
A gente passa e pisa-a com os pés
E a tua boca se apaga adormecida.
Nos dias tristes não escrevas.
Deita ao vento os gritos do teu peito
Que a terra gira e leva-os para longe
E a tua voz descansa adormecida.
Nos dias tristes não escrevas.
E se acaso com tristeza escreves
O frio dos montes será fundo demais
E aos mares faltará o verde que o sonho inventa.
Nos dias tristes não escrevas.
E se acaso com tristeza escreves
As paredes serão da pedra que não quebra
E às flores faltará o sol que a esperança inventa.
Nos dias tristes não escrevas.
Abre a janela e muda de pele.
Espera pela juventude que nasce do chão das lágrimas e recomeça.
E principia a frase escrita com o sonho.
E os dias tristes não virão mais.
RM
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