Rewind

sexta-feira, 3 de abril de 2009

O lugar onde mora a esperança

Quis correr para os braços quietos dela nas horas fundas do poente, quando a noite vem vestir de espaço a face do Mundo. Quis pousar no silêncio do olhar dela as coisas a que sabia o nome mas que não queria chamar. Quis ficar estendido no colo quieto e transparente como é sempre o da verdade. E não ter medo de que o silêncio fosse esse grito que ele não queria deixar correr mais dentro das veias.
No silêncio, as coisas ficam sempre mais - ocupamos o Mundo com o ruído das palavras para não cairmos no corredor silencioso da verdade.
E a ele sabiam-lhe a verdade aqueles braços finos onde morava o que não cabia no Mundo.
"Ali morava a esperança." - pensou ele muitas vezes.
E talvez morasse mesmo porque era naquelas horas sem nome e naquele dar sem voz que ele sempre encontrava motivo para acreditar. E o acreditar era essa voz que vinha no silêncio falar mais alto ao coração. E ele sabia-o.

1 comentário:

Joana Banana disse...

facilmente diria que a esperança é uma espera especial.
eu só acho que é ser-se um pouco cego, todos acharem que é sem dor, e a dor latejar ao manter-nos de pé*