Rewind

quarta-feira, 29 de maio de 2013

numa noite|

Numa noite alta de luar
O mar eram só rosas e perfume
Tudo sereno na noite a terminar
E dois corpos ardendo no negrume

Numa noite funda de calor
O chão era deserto de gente e de vida
Tudo suspenso na noite a respirar
E dois corpos num tempo sem medida

Numa noite funda de saudade
O caminho era de fogo e de loucura
Tudo amor sincero e sem vaidade
Como um lençol de luz e de doçura

RM 

deixa|

Desata nos beijos as palavras com que me queres
E conta à minha pele o que guarda teu peito
Mata a distância com que me feres
Para mostrares devagar teu corpo perfeito

Deixa teus braços abertos
Como janelas em noite de amor
Deixa teus sonhos descobertos
Para os iluminar o furor

Deixa tua pele contar o segredo
Em que juntos vencemos o fim
Deixa tua saliva derrotar o medo
Com beijos de fogo e de cetim

RM

és tu|

É o traço do teu sorriso na luz serena
Que abre as manhãs no meu peito que te aguarda
E todo o sangue é paz e canção amena
De um beijo doce que não tarda

É o teu cheiro na pele do dia que começa
Que abre a janela com que o mar azul te beija
E nada há que pare ou impeça
O que o teu corpo pede ou deseja

É o teu sabor nas sombras que ainda dormem em meu peito
Que abre meus braços que te pedem para ficar
E não há sonho perdido ou desfeito
Se minha boca a tua puder beijar

RM

demora|

É a vida quem se engana e se demora
E guarda o teu sorriso no bolso para o caminho
É a vida sem tempo a qualquer hora
Quando não estou sozinho

É a vida quem se esquece de correr
E guarda de teus olhos a luz para o caminho
É a vida sem pressa de morrer
Como uma andorinha dormindo no seu ninho

É a vida quem se esquece de acabar
E guarda de teus lábios a fome para o caminho
É a vida sem medo de abraçar
A infinita luz do teu carinho

RM

sexta-feira, 24 de maio de 2013

tarde|

É a tarde que se demora para te iluminar
E às coisas com a graça leve do vento do fim das horas
É o tempo que se demora ao respirar
E tudo é amplo e doce se não demoras

RM

como se teus dedos|

como se teus dedos fossem marcar na minha pele
as palavras que cada manhã te trazem sorrindo
e cada beijo que deixas preso na bainha do tempo
fosse um caminho onde me perco para te encontrar

como se teus dedos fossem marcar na minha pele
o tempo inventado em que os beijos demoram
e cada palavra que deixas pendurada nas esquinas do tempo
fosse um caminho onde me perco para te encontrar

como se teus dedos fossem marcar na minha pele
essa viagem sem tecto em que os sonhos galopam
e cada memória que deixas ardendo na noite que sobe
fosse um caminho onde me perco para te encontrar

RM 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

o silêncio, na esquina|

É o silêncio quem te espera na esquina
E ao teu nome que o beije com vontade
Essa vontade louca e repentina
Como um lençol de luz sobre a cidade

É o silêncio quem te espera na esquina
Para demorar os olhos na tua sombra agitada
Esse desenho esguio de menina
Esse travo de mulher apaixonada

É o silêncio quem te espera na esquina
Lendo em teus dedos os beijos como sinais
Como suspiros dessa tarde que termina
E em que somos imortais
RM

teus dedos|

Vejo-te sem que pense
No súbito chegar da madrugada que sobe
E tudo é um silêncio em que teu nome
É o arrepio das horas que não chegam
Para gastar a areia do teu corpo
Nas promessas em que meus dedos quiseram os teus
Com mais força

RM

trance|


domingo, 12 de maio de 2013

na noite da tua pele|

Na noite da tua pele atearei um lume
Intenso, fundo e grandioso
E em teu ventre o desejo será ardume
Largo, aceso e luminoso

Na noite da tua pele inventarei um canto
Vivo, malandro e apaixonado
E em teu peito a memória será um manto
Denso, doce e iluminado

Na noite da tua pele inventarei um caminho
Eterno, perene e ideal
E em meus sonhos não estarei sozinho
E a saudade não será fatal

RM
 

voo|

Entra pela janela aberta dos meus olhos
E ensina aos meus lábios a leveza do teu nome
Entra pela janela aberta dos meus olhos
E deixa perenes na minha pele as palavras
Com que o teu nome é rumor de vida nos caminhos

RM

terça-feira, 7 de maio de 2013

arrepio|

Acho que te escondes no silêncio
E me chegas no arrepio com que minha pele te responde
Aos passos que dás dentro de mim

RM

exílio|

As horas em que não vens são um exílio
Em que o mar me afoga e o céu é nau perdida na espuma
De um prado deserto de um corpo que não vem
As horas em que não vens são um exílio
Em que as flores se adiam e as palavras se perdem no silêncio
De um chão deserto de um corpo que não vem
As horas em que não vens são um exílio
Em que os dias não são vida e os espelhos não trazem no rosto
A graça do sorriso que fazes quando passas
E tudo são poemas enterrados na pele com que te espero
Trazendo na boca o desejo para rimar

RM

no teu sorriso|

É na luz da tua pele que a tarde se apaga
E no silêncio fica boiando a ausência de palavras
Com que te quero mais fundo
É na luz da tua pele que as palavras se desfazem
E os beijos são linhas inteiras em que a saliva
É o lugar onde te encontro inteira e apaixonada
Antes dos dias, das horas e do caminho
Serena, intensa e iluminada

RM

sexta-feira, 3 de maio de 2013

o silêncio cala-se|

O silêncio cala-se até que chegue tua boca
E a primeira palavra seja sede
E eu possa matá-la na seiva dos beijos que me dás

O silêncio cala-se até que cheguem teus dedos
E a primeira palavra seja fome
E eu possa matá-la nas carícias que o teu corpo me traz

O silêncio cala-se até que cheguem teus olhos
E a primeira palavra seja saudade
E eu possa matá-la nos segredos que a tua pele desfaz

O silêncio cala-se até que a palavra seja nossa
E tudo o que nos diga seja essa ausência de mundo
Em que as coisas persistem sem nome e sem medida

RM

a tua sombra|

A tua sombra ficou comigo
Presa nos lugares onde os beijos do vento são mais fundos
E onde a tarde desmaia lenta nos jardins
A tua sombra ficou comigo
Boiando no arrepio intenso com que te lembro
Toda um sorriso no colo da manhã que principia
A tua sombra ficou comigo
Presa no buraco de todas as horas
Que são as ruas onde teu rosto não vem
A tua sombra ficou comigo
E minha pele é o mapa do caminho onde te foste
E onde a luz se foi quando partiste com os pássaros

RM

paulette|