Rewind

terça-feira, 25 de junho de 2013

like crazy|


sempre tu, mãe|

Sempre tu nessa manhã maior de luz e de sossego
E teu sorriso desenhando esperança na face de todos os dias
Sempre tu nessa valsa da vida e do apego
Em que sempre juntos nos querias

Sempre tu nessas horas de tempo que se esquece
E os livros como caminhos em que te sigo
Sempre tu nessa estrada só comigo
Ou numa longa praia que entardece

Sempre tu nessa pele dos abraços e da saudade
E tua coragem rasgando céus mais altos e mais fundos
Sempre mais eu quando estamos juntos
Nessa infinita onda de verdade

Sempre tu no sangue de todos os dias
E tua memória mapa sereno de cada conquista
Sempre as horas mais doces em que querias
Um sonho grande e fundo que persista

RM




sexta-feira, 21 de junho de 2013

bordado|

Bordaste em minha pele um castigo
De te querer com mais vontade que horas
E se acaso tu não lembrada demoras
Sonho acordado contigo

Bordaste em minha pele um sonho em chamas
De te querer com mais força que o mundo
E se acaso sei que rendida me amas
Rasgo no peito um sonho mais fundo

Bordaste em minha pele um grito exaltado
De te querer com mais fome que o mar 
E se acaso me sei teu amado
Tudo é vida a começar

RM

adeus|

Disseram-me adeus os teus olhos
Mas o vento ainda guarda o olhar
Disseram-me adeus os teus olhos
Mas o vento teima em lembrar
Que o adeus dos teus olhos era caminho
Em que no vento me perco para te encontrar 

RM

teu nome|

O silêncio é o princípio de teu nome
E tu começas nesse impasse assim suspensa
Em que minha boca pede o ar para erguer no mundo
Uma manhã de luz acesa e imensa
E matar no peito inteira a fome


RM

ainda|

Moras ainda no fundo de meus olhos
E és ainda tu quem vejo nas horas que passam
Teus passos passando por dentro de meu peito
E teus beijos como folhas vivas que se amassam

Moras ainda no fundo de meus olhos
E és ainda tu quem chega na luz da madrugada
Teus dedos agarrando bem fundo cada momento
Numa paisagem funda e intocada

Moras ainda no fundo de meus olhos
E és ainda tu o fim do horizonte e a imensidão
Teus lábios rasgados no perfume das flores
E teu corpo todo inteiro na amplidão

RM

segunda-feira, 17 de junho de 2013

o teu amor|

O teu amor são ruas que escorregam na cidade
Para que meus passos desaguem em teu ventre
O teu amor é uma Primavera de repente
Chão de sonho e liberdade

O teu amor são noites que demoram devagar
Para que meus beijos morram com a luz
O teu amor é partir para chegar
Um suspiro que seduz

O teu amor é um sol que vai nascendo
Para que meu corpo se demore com o teu
O teu amor é um rio já trazendo
Do teu peito o nome que era o meu


RM

tu|

Sai-te do peito um mar infinito de luz
E tua boca é poema eterno que respira
Sai-te dos olhos um fogo que reluz
E tua imagem é o ar que o mar inspira

Sai-te do corpo uma exclamação intensa
E teu contorno é enseada eterna que sossega
Sai-te da pele uma labareda imensa
E o meu corpo inteiro não te nega

Sai-te do ventre uma valsa acelerada
E teus dedos são ondas de um mar eterno que se ergue
Sai-te da saliva uma jura incendiada
Até que teu corpo enfim sossegue

RM

busco|

Busco nos becos as palavras com que a noite se fez tua amiga
Busco ainda teus beijos e o resto da tua sombra em meus braços
Busco a leveza desse vestido de rapariga
E meu desejo corre a desfazê-lo em pedaços

Busco teu cheiro na pele da noite que adormece
Busco ainda teus olhos e o resto de ti em meu peito
Busco as palavras numa prece
Que resgate do sonho teu corpo perfeito

Busco as lembranças que sem ti não sei o que são
Busco ainda teus dedos e o resto de ti no caminho
Busco bem fundo no coração
O tempo em que não estava sozinho

RM

beijam-te|

Beijam-te meus lábios com uma fome há muito guardada
Com rima solta e letra improvisada
E dizem nesse passo apressado
Que é teu meu peito e minha voz
Que és tu apenas desejada
Em cada hora mais funda e demorada
Se estamos sós

RM

na distância|

Secam-te as palavras na distância
E o que querias eram beijos cravados na pele com a alvorada
Era esse desalinho, essa ânsia
Em linhas de saliva revelada

Secam-te as palavras na distância
E o que querias eram passos dos corpos juntos na estrada
Era esse desatino, essa infância
Nos olhos para sempre demorada

Secam-te as palavras na distância
E o que querias era essa loucura desgarrada
Era esse tudo, essa abundância
No peito para sempre assim bordada

RM  

segunda-feira, 10 de junho de 2013

quieto|

Quieto na sombra enquanto te espera
Meu corpo é deserto ávido de loucura
É sombra de vida e grito de fera
E inconsolável criatura

Quieto na sombra se estás ausente
Meu corpo é cinza de beijos adiados
É resto de sonho e voz que mente
Com os dois braços amarrados

Quieto na sombra se vais embora
Meu corpo é céu de pedra e solidão
É planície ajoelhada estrada fora
Procurando na noite a tua mão

RM




domingo, 9 de junho de 2013

manhã submersa|vergílio ferreira.


lume|

Queimo a pele por arder no lume do teu rosto
E querer entrar na manhã imerso no mar do teu peito
Queimo o medo e a dúvida num fogo posto
A arder fundo em teu leito

Queimo o tempo por viver cada coisa que é só tua
E querer levar no bolso o sentimento
Queimo a saudade com a memória dessa rua
Em que colhi da tua boca o alimento

Queimo o peito por bordar na minha pele a tua ausência
E querer seguir de perto a sombra da tua vida
Queimo nos versos a fome com a cadência
Para que só tu me sejas sempre devolvida

RM


os teus beijos|

Os teus beijos são os passos
Do teu corpo em chama que chega
É um dilúvio que chove em meus braços
Quando tua boca não me nega

O teu peito traz um galope apressado
Da vida que não chega para queimar o desejo
Traz esse grito fundo e desalmado
Que se ouve em cada beijo

Os teus olhos trazem da noite a fantasia
Da cidade que ainda dorme a sonhar
Trazem das ruas o segredo antes do dia
Ainda a tempo de te amar

A tua pele traz do sonho a altitude
E a luz das vielas já serenas
Traz promessas de sol e longitude
E de saudades amenas

RM

depois de ti|

O ar com que demoro teu nome no peito
Traz o perfume do teu corpo quando passas
É fogo, é céu, é um mais que perfeito
Sonho que tu traças

A sombra do teu corpo ausente
É saudade bordada na luz que te chama
É fome e sede de quem na carne te ama
É noite caída escura de repente

A paz que me fica dos beijos que te dei
É mar infinito e praia de cal deserta
É manhã doce numa janela aberta
Nas ruas da tua pele onde passei

RM




quarta-feira, 5 de junho de 2013

avó|

Avó,

Quero que meu corpo te segure por perto
E que as horas se adiem esquecidas de nós
Quero as noites doces em que estamos sós
De coração entreaberto

Quero teu sorriso eterno no meu olhar
E o azul dos teus olhos na luz de todos os dias
Quero teu colo para poder caminhar
E sorrir como querias

Quero um tempo sem tempo onde sejamos
Do tamanho da promessa que nos uniu
Viver o que juntos ansiamos
Como uma Primavera que floriu 
RM 

contigo|

É com teus beijos que as horas param
E tudo é um rumor de lábios que se sentem
É com tua boca na minha que as palavras já não mentem
E vive a cinza de dois corpos que se amaram

É com teus dedos que se desatam os desejos
E tudo é uma ceara de fogo que se acende
É o teu corpo inteiro que se estende
Com a pólvora intensa de meus beijos

É com teu reflexo que a vida se suspende
E tudo é uma alameda de silêncio em que existes
É o teu olhar de infinito que me prende
Na noite funda em que persistes


RM