Rewind

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

desejo|

São como palavras os beijos que deixas escritos na minha pele
É uma caligrafia desenhada e retorcida
Húmida nos acentos e grave nas sílabas
Com que sempre se escreve desejo.

São como sonetos de rimas de luz
Os cheiros que nascem da tua almofada
Como flores que caíssem serenas
Do teu cabelo molhado.

São como nós apertados os vincos
Que deixas nos lençóis
Em que atas como com ferro
A vertigem do regresso.

São como arrepios fundos
Os pequenos nadas que se soltam da tua ausência
Como um sorriso que se suspende do vidro
Do espelho em que te procuro ainda.

São como uma memória doce
As paredes que já sabem um segredo
Enquanto somes na rua com o sol
Aceso inteiro sobre as coisas.

Principia o silêncio em que o teu corpo não está
Mas dele fica uma sombra que se expande
Como um véu

E tudo é um quase silêncio morno
Em que se ouve chegando a saudade
Esse abraço que do nada
Faz nascer um sonho inteiro.

RM


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