Rewind

sábado, 26 de setembro de 2009

Los Abrazos Rotos

O trailer passava há uns tempos nos cinemas. Um bom trailer, pensei. Imagens sugestivas; uma aura de mistério e o apelo irresistível de uma trama por decifrar. Promessa de um bom filme que fui ver se se cumpriria. Sou fã confesso de Almodóvar e, portanto, não partilho de algumas das críticas que o tornam de realizador talentoso em apenas um realizador com sorte e mediatismo. Almodóvar é Almodóvar e a sua obra fala por si.


Esta é a história de um realizador cego que nos revela o seu passado - um amor trágico e intenso de há catorze anos atrás. Nessa altura, ainda como Mateo Blanc, conhece Lena e com ela embarca numa paixão desenfreada que atormentará o companheiro de Lena - um poderoso e influente magnata. Toda a trama é intensa - com esse traço carregado e inflamado que caracteriza Almodóvar. O rosto da paixão sempre presente - o ciúme, a violência, a rivalidade e a tragédia. Com a morte trágica de Lena, Mateo Blanc morre e nasce para a vida o seu pseudónimo: Harry Caine. Da narração destas memórias desenrola-se o fio de uma história em que Almodóvar aparece em Almodóvar. Como numa espécie de revivalismo - também ele repescando uma história já vivida e, enfim, recontada, aparecem excertos de outra das suas obras: "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos."




Muitos esperam de Almodóvar que faça Almodóvar. E ele continua a fazê-lo. Não porque continuem lá os ingredientes de uma receita de sucesso. Ou talvez não só apenas por isso. Embora não tenha a mestria de "Tudo sobre a minha mãe" - uma obra prima - continua a ter o que Almodóvar faz bem - bom cinema com uma Penélope como um ingrediente que torna tudo bem mais saboroso.

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