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Esta é a história de um realizador cego que nos revela o seu passado - um amor trágico e intenso de há catorze anos atrás. Nessa altura, ainda como Mateo Blanc, conhece Lena e com ela embarca numa paixão desenfreada que atormentará o companheiro de Lena - um poderoso e influente magnata. Toda a trama é intensa - com esse traço carregado e inflamado que caracteriza Almodóvar. O rosto da paixão sempre presente - o ciúme, a violência, a rivalidade e a tragédia. Com a morte trágica de Lena, Mateo Blanc morre e nasce para a vida o seu pseudónimo: Harry Caine. Da narração destas memórias desenrola-se o fio de uma história em que Almodóvar aparece em Almodóvar. Como numa espécie de revivalismo - também ele repescando uma história já vivida e, enfim, recontada, aparecem excertos de outra das suas obras: "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos."
Muitos esperam de Almodóvar que faça Almodóvar. E ele continua a fazê-lo. Não porque continuem lá os ingredientes de uma receita de sucesso. Ou talvez não só apenas por isso. Embora não tenha a mestria de "Tudo sobre a minha mãe" - uma obra prima - continua a ter o que Almodóvar faz bem - bom cinema com uma Penélope como um ingrediente que torna tudo bem mais saboroso.
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