Rewind

sábado, 26 de setembro de 2009

Saraband de Ingmar Bergman

Revisitar Bergman foi um prazer. Noite de Verão - ar macio e amplo. E eis que surge no ecrã a história de Marianne que, depois de trinta anos sem contactar com o seu ex-marido Johan, sente uma súbita necessidade de o rever. E tudo se passa com o fundo da casa de Verão de Johan onde vivem também o filho deste - Henrik e a sua neta - Karin. Quando os reencontra todos estão ainda em luto por Anna - a mulher de Henrik e mãe de Karin sendo que a presença desta continua a sentir-se. Eis a obsessão de Bergman pelo rosto - a foto de Anna sempre presente.
Marianne vê-se colocada no centro da vida desta família. É a confidente de Karin e assiste à animosidade entre pai e filho que partilham um grande amor por Karin.

Neste filme aparecem as temáticas de Bergman: a solidão, a ansiedade sexual, o rosto em planos marcados e intensos; os diálogos incisivos; a busca de um sentido para a vida; a culpa e o castigo. Não fosse este o derradeiro filme do realizador sueco. É um filme sobre a natureza humana, sem artifícios - a humanidade nesse retrato profundo, por vezes, cru, até. Mas Bergman, que assumiu ter passado a vida a exorcizar os fantasmas de uma infância traumática, põe nas imagens e nas palavras da sua obra, isso que somos - o rosto fiel e sincero da Humanidade.

Porque o rosto "é o fundo; o resto só acompanhamento."

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