Rewind

segunda-feira, 2 de junho de 2014

ao longe,

ao longe, as luzes são todas passos para te encontrar
rasgo as ondas da solidão vazia desta noite enorme
e tudo o que quero é o cais do teu corpo sobre o mundo
e a tua boca como uma vela acesa para me guiar

ao longe, todas as feridas se escondem por entre os dedos
lembro, sorrindo, a primeira vez que dancei no teu corpo
e tudo o que fica é o resto florido da varanda do teu peito
e uma praia de lume onde viste arder os meus medos

ao longe, todas as palavras podem ser ainda inventadas
devagar, a língua demora no sabor doce do teu nome
e tudo é como um poema que te espere para rimar
como se fôssemos sair para a rua de mãos dadas

ao longe, as linhas do comboio podem trazer-te sempre até mim
o nevoeiro da manhã é como o teu olhar que espreita na janela 
em silêncio, caminho na areia fina da tua pele como num sonho
e sei que chegas quando, por entre as pedras, se levanta um jardim

RM  





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