Rewind

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

o teu nome,

fecha os olhos.

vá lá,

deixa que te mostre, de novo, o nome de tudo.

aprende comigo que se diz noite com um sorriso.

depois, muito devagar, aprende o teu nome como eu o escrevo:



os teus lábios são as linhas onde a caligrafia se desmorona

as tuas mãos os cadernos onde os sonhos se confessam

e o teu corpo é a boca por onde o desejo, finalmente, se escapa.



fecha os olhos.

vá lá,

lembra-te, se puderes, que antes do encontro das nossas bocas havíamos esquecido todas as palavras

sei, apenas, que meti as mãos dentro do teu vestido e queimei a língua ao sublinhar-te muitas vezes.

lembras-te?



vem ver como em tudo sempre houve uma espera

sim, amor, tive até que arranjar mais sangue só para caberes cá dentro e te poder guardar inteira.



fecha os olhos.

vá lá,

prova-te nos cantos da minha boca, encontra-te nas sombras da minha pele

e diz que ficas.



vem ver, amor, como é o teu nome que eu escrevi.

aprende-me as letras e verás.

é o teu nome

à espera, toda a noite, que tu digas o meu.

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