Rewind

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Aquém

Porque chamam pelo Mundo
Todos e cada um dos meus poros?
Porque me anseiam as veias
Por um absoluto que as revolva?
Porque procuram a sombra
Meus passos neste caminho?
Porque me sonha a alma
Um horizonte mais largo?
Porque sempre me quer o fogo
Para me consumir
Enquanto se consome?
Porque me não basta o chão
Se não vejo o ar?
Porque me deram fome
E me ensinaram o infinito?
Porque me deram o tempo
E me ensinaram o sempre?
Porque me deram o egoísmo
E me ensinaram a saudade?
Porque me deram pele
E ela não me chega com o meu nome?
Porque me ensinaram o silêncio
E o calaram as vozes?
Porque me deram mãos vazias
Mas lhes deram fundo?
Porque me disseram que nos serviria
Isto de sermos só nós
E tudo o que sei
É que tenho apenas parte
E que tudo o que quero é o que me falta
Como se quisesse o sonho
Em vez da vida
Porque é vida
Esse tudo onde nunca estou
Mas onde sempre me ponho.

Ricardo Pinto Mesquita

1 comentário:

Inês disse...

Auto-dedico-me este poema :)