Rewind

domingo, 14 de dezembro de 2008

Houve um tempo

Houve um tempo de ruas largas
Dos passos leves sem memórias amargas
Houve um tempo de céu ameno
De palavras com falar sereno
Houve um tempo da felicidade absoluta
De firme vontade e resoluta
Houve um tempo de corpo inteiro
Sem nada que falasse primeiro
Houve um tempo de lágrimas felizes
O tempo do Sol e das suas matizes
Houve um tempo de segredos revelados
E de olhares assim guardados
Houve um tempo de dor embalada
E de mágoa assim apagada
Houve um tempo de voz aquecida
De uma felicidade assim prometida
Houve um tempo de feridas abertas
De falhas assim cobertas
Houve um tempo de juras imortais
De gestos e conversas banais
Houve um tempo de sorrisos fundos
Em que eram meus todos os segundos
Houve um tempo de vida que nascia
E de dor que assim fugia
Houve um tempo de fome engolida
E de sede assim sacudida
Houve um tempo de noites quentes
E de corpos nela dormentes
Houve um tempo de trânsito na cidade
E de sonhos sem idade
Houve um tempo de um mar de saudade
Seco à mão de uma verdade

Há o tempo mas vem só
E tudo o que vem do que foi
É memória feita pó.

Ricardo Pinto Mesquita

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