Rewind

sábado, 13 de dezembro de 2008

B

Vieste ver-me estes dias. Ficaste comigo estes dias. E soube-me como a uma nova vida que há-de se prolongar nos espaços vazios de outros dias, que sei virão. Ouvi a tua voz e as tuas palavras que querias que o meu coração ouvisse porque sabias que delas precisava. E nada te disse. Deves ter-me lido o silêncio.
Estiveste perto de mim. Tão perto que me esqueci do meu peso e do que carrego. Levaste um pouco dele contigo nesse teu coração que sei também ser meu.
Foram longas as horas, tão longas que nos esquecemos delas e dos nossos corpos. Tudo porque estivemos para lá de tudo e à prova de tudo.
Acalmaste a minha ânsia, ouviste o tanto que tinha para contar e que se tornou mais meu porque o partilhei.
Apagaste por momentos a combustão de tudo o que vejo quererem queimar e apagar. Deste um sentido às coisas que me aconteceram antes de ti e sem ti. Fiquei com o que acontece depois de ti. Sempre.
Foram cúmplices os olhares de onde não se apagou a saudade que se saberia voltaria. Foram próximos os respirares e as lágrimas. E fiquei a admirar-te ainda mais porque me estendeste a mão quando poderias simplesmente odiar o Mundo pelo arbítrio dele e pela não retribuição do teu heroísmo.
O azul dos teus olhos foi céu e tive paz. Não tive de morrer para o ter. Antes me senti mais vivo.
Fizeste-me sentir pequeno perante a força que sempre tens; perante esse sorriso radiante com que iluminas escuridões bem menores que a tua.
Devolveste-me esperança e grande parte do sonho concretizado que és tu. Gostei de te ter ajudado. E que me tivesses deixado ajudar-te. Acolhi-te no meu abraço. E faço da minha vida o lugar onde nos acontece o futuro.
Obrigado por todos estes anos e cada um destes dias. Por não te teres perdido de mim e teres reconhecido em mim o meu amor por ti. Em todas as suas formas e de todas as vezes.
A minha cidade gravou a tua memória. Aqueles sítios serão sempre nossos, como aquele muro onde mais do que lamentar agradecemos a vida. E aquele piano e a sua melodia que se interrompeu tocarão sempre.
Obrigado por fazeres do Mundo um lugar ameno para viver e por não desistires de mim.
Por perguntares e ficares para a resposta. Mesmo que ela demore.
Devo-te mais esta.
Foi bom ajudar-te. Este sonho é nosso e só será real quando nos acontecer a todos. Foi juntos que o pedimos.
Conheço o meu coração. Ele não me levará para longe de ti. Estarei sempre contigo.
E todas as noites serão como as que vivemos. Com a liberdade de sermos como quando estamos sozinhos, mas com os outros sempre lá.
Vais conseguir. Quando não conseguires acreditar, lembra-te que eu acredito por ti.
De facto, quando tudo isto começou com sabor a infância, era só primeiro dia do resto das nossas vidas. Sempre assim. Fica. Eu fico.

1 comentário:

Bárbara Bentes disse...

Ainda não tinha tido oportunidade de agradecer aqui esse abraço tão ameno...É tão bom uma amizade assim!
Um beijo
Bárbara